Bherona já estava caminhando há bastante
tempo sem encontrar o caminho de volta para a casa grande da fazenda de seus
avós. O céu começava a ficar violeta no horizonte e os grilos fazendo sua
algazarra costumais ao entardecer. A única coisa que ela conseguia ver de
familiar era o antigo prédio do abatedouro de seu avô, perdido naquela
imensidão verde e, abandonado.
Aquela construção lhe causava as mais
estranhas sensações desde que era muito pequena. O cheiro de sangue, os mugidos
lamentosos dos bois condenados à morte, e todo o aparato dos homens que
trabalhavam lá. O lugar foi a sua fonte de terror e fascínio. Quando ela
alcançou a adolescência, seu querido avô morreu, e as cabeças de gado restantes
foram vendidas. Sua cabanha de gado, então, desativada. Nunca Bherona quis
saber do destino daqueles homens que lá trabalharam, e, tampouco se interessou
pela fazenda todos esses anos, mas desta vez, resolveu passar as férias lá com
seus pais. Seu marido, um administrador hospitalar atarefado, ficou na cidade
trabalhando, e, então, lá estava ela perdida no lugar que mais temeu em sua
vida.
A noite cai rápido no campo, e é
assustadora, com todos os seus sons e o breu escuro sendo riscado apenas pelos
vaga-lumes que permeiam pelos campos. Uma silhueta morta era vista ainda unindo
o céu e o chão. Bherona hesitou, mas a aragem noturna e os mosquitos sedentos a
forçaram correr para lá, aproveitando a luz escassa que se apagava.
Bherona entrou no matadouro... Um misto de
lembranças invadiu sua mente, não conseguia enxergar, mas a primeira coisa que
sentiu foi o cheiro. Respirou fundo e se deixou levar por todos os fantasmas
que se reviram em sua alma. Sangue... Sangue fresco... Espere! Ela pensou: Esse
lugar está abandonado há anos! Como pode cheirar a sangue fresco!
Estava assustada, cega naquela escuridão e
sentindo o odor de algo que havia morrido a pouco tempo por ali. Medo... O que
faria? Sua caminhada despretensiosa no campo havia se transformado em um
pesadelo, até mesmo o celular não tinha sinal lá.
Estava perdida...
Bherona
estava ainda pensando no que fazer, quando ouviu ruídos... Alguma coisa estava
sendo arrastada. E para perto dela! Começou a recuar, encostando-se na parede
para evitar uma queda, sentiu algo pegajoso nas mãos e braços, aproximou-os do
nariz lentamente, e cheirou... Sangue! Tinha sangue por todo o lado e estava
coberta dele, mas o cheiro era um pouco diferente... Esse era mais férreo, não tinha aquela “murrinha” do sangue dos bois... Estranho... Os ruídos
aproximaram-se dela mais ainda, junto com eles, passos...
Passos muito próximos a ela...
O cheiro daquele sangue tornou-se
diferente. Havia algo mais... Algo mais denso, ocre. As narinas de Bherona
abriram-se como de um animal que fareja algo, Ela estava com medo, sim, claro
que estava! Mas não entendia o que estava acontecendo com seu corpo e sua
pisque, o cheiro entranhava-se em suas narinas e lhe paralisava... Foi quando
sentiu...
Uma mão forte lhe levantou pelos cabelos e
ela gritava de pavor, tentou se debater e suas mãos escorregavam em um corpo
musculoso, masculino e coberto por algo pegajoso, provavelmente, sangue também!
O homem segurou-a encostada ao seu peito,
esfregando seu rosto ao corpo dele, na barriga e descendo até a altura de sua
virilha. Bherona sentiu que ele tinha cabelos longos e lisos e estava
completamente nu, pois os pêlos pubianos dele roçaram levemente seus lábios.
Mas o cheiro... O cheiro do corpo dele misturado ao sangue era algo que ela
jamais pensou que pudesse exercer um efeito tão poderoso sobre ela! O pavor era
real! E a excitação também! Quem era ele? Quem ele havia matado? Ele a mataria
também? Um turbilhão de dúvidas passava-se na mente dela, enquanto aquele homem
a subjugava no chão, rasgando seu delicado vestido floral e suas calcinhas.
Não enxergava nada! Ouvia apenas a
respiração ofegante dele e os próprios gritos, que ecoavam solitários na
imensidão daquela noite, sentia as pontas dos seus cabelos encostando
suavemente nos mamilos dela, que ficavam rígidos e aquelas mãos rudes apertando
seus pulsos e a agarrando brutalmente. Ele começou a lambê-la... Lambê-la como
um animal, um lobo, um cão. Aquela língua quente passou por seu pescoço, seus seios
e umbigo, indo deleitar-se em sua vagina. Ele a imobilizava com os braços
fortes, e, Bherona, totalmente indefesa, sentia aquele estranho explorar toda a
sua intimidade com a boca. Seu corpo respondia com uma carga de lubrificação, e
aparentemente suas secreções eram um atrativo irresistível para ele. Soltou-a.
Bherona não tinha mais medo. Nem raciocinava mais... Era apenas uma fêmea no
cio obedecendo ao chamado da natureza. Da sua natureza. Ela continuou
esfregando-se nele, sentindo seu corpo cheirando e lambendo cada parte que
podia, sentindo o sabor do sangue e o cheiro do seu pênis deliciosamente grosso
e ereto, passou a língua trêmula por seus testículos, e virou-se de quatro como
uma cadela pronta para ser penetrada... Foi o que ele fez... A penetrou em pé,
por trás, como um bicho selvagem. Bherona sentia apenas prazer. Seus gritos
apavorados haviam se transformado em
gemidos histéricos. Enquanto a penetrava na vagina por trás, ele passou seu
braço na frente do corpo dela e tocou seu clitóris, massageando com os dedos
para intensificar-lhe o prazer, e, bastou para que ela gozasse intensamente,
como jamais havia acontecido em toda a sua vida. Nunca sentiu tanto prazer,
como naquele momento, com um desconhecido coberto de sangue, que ela n via nem
o rosto!
Quando ela terminou, virou-se de frente
para ele ajoelhada começou a sugar-lhe de maneira voraz. Deliciando-se com o
cheiro e o sabor dele. Segurava as coxas e o escroto enquanto mantinha seu
pênis na boca. Não tardou a um gemido abafado anteceder ao gosto forte de seu
esperma, colocando seu bizarro amante de joelhos, com as pernas trêmulas. Ela
engoliu tudo, lambeu-se como se estivesse bebendo um néctar...
Mas quando toda aquela loucura
acabou, Bherona voltou a sentir medo e
caiu novamente na realidade. Tentou falar, mas sua voz não saía, apenas levou
sua mão ao rosto dele, mas foi impedida de maneira delicada, mas muito firme.
Sentia-se fraca e tonta. Não sabia que horas eram, nem quanto tempo se passara.
Caiu ao chão e desmaiou com aquele homem
acariciando seus cabelos...
De súbito despertou! Conseguia ver alguma
coisa, pois os primeiros raios rosados timidamente iam surgindo. O susto que
levou foi imenso. Seu corpo nu, coberto de sangue! E uma carnificina parecia
haver ocorrido no local! Era sangue e pedaços para todo o lado! Pedaços
humanos! Mas o cheiro era... Ótimo! Bherona estava mais apavorada com ela
mesma, com o que estava prestes a se tornar, mas era mais forte do que ela! Um
espírito selvagem debatendo-se no seu negro coração, que ela desconhecia
totalmente! Ela aproximou-se de algo grande, sangrento e redondo... Uma cabeça!
Chorava, mas n conseguia parar. Olhou. Uma cabeça masculina. De quem seria?
Algum antigo trabalhador do matadouro? E o estranho da noite? Havia sido ele
quem lhe deixou esse “presente”, provavelmente! Pensando isso, Bherona deu a
primeira mordida no rosto da cabeça decepada...
E assim... Bherona provou carne humana
pela primeira vez...
(CONTINUA...)
2 comentários:
Delicioso esse conto..
Aquele gosto de quero mais...
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